Os estudos sobre a doença de Parkinson não param, mas nenhum até agora conseguiu encontrar a cura para o mal ou mesmo determinar o que leva uma pessoa a desenvolvê-lo. A boa notícia é que os medicamentos para controlar os sintomas da doença de Parkinson melhoraram e podem retardar a evolução da doença por muitos anos.
“O padrão ouro de tratamento ainda é a medicação. Ela substitui a dopamina que a gente produz e que está deficiente no Parkinson. É um medicamento antigo, mas que hoje tem melhores formas de apresentação, com liberação lenta, mais próxima à fisiológica [função natural do corpo]”, explica o neurologista, professor do curso de Medicina da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Dr. Mauro Gomes Araújo. Segundo ele, existem avanços também na forma de identificar a doença. Embora o diagnóstico seja basicamente clínico, pelos sintomas que a pessoa tem, dois exames podem auxiliar o médico no processo.
“O ultrassom transcraniano vê a densidade da substância negra do cérebro, que no parkinsoniano pode estar alterada. Outra possibilidade é a cintilografia cerebral usando uma substância química [como um contraste]que mapeia as áreas com deficiência de dopamina”, diz o médico.
O Dr. Araújo destaca que há modificações clínicas que precedem a doença na parte motora. “Por exemplo, perda de olfato, alterações intestinais e um distúrbio comportamental que ocorre durante o sono, deixando o indivíduo agitado. São alterações que, às vezes, ocorrem dez anos antes de descobrir a doença”.
Sinais de alerta para a doença de Parkinson
Falta de equilíbrio, depressão, transtornos do sono e cansaço também podem surgir bem antes dos clássicos sintomas, que são rigidez muscular e tremor, da doença de Parkinson. Quanto mais cedo é feita a descoberta, melhor é para retardar o problema. A doença geralmente aparece em pessoas com mais de 60 anos, mas pode surgir antes.
A doença de Parkinson é neurodegenerativa e causada pela falta de dopamina, neurotransmissor responsável, entre outras funções, pelo controle dos movimentos, pela memória e pela sensação de prazer.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 1% da população acima de 65 anos tem a doença. No Brasil, a estimativa é que ela acometa 200 mil pessoas.
Além dos remédios, um acompanhamento multidisciplinar ajuda o paciente. A atividade física é importante, assim como fisioterapia e fonoaudiologia – já que, muitas vezes, a fala é comprometida. A alimentação também deve ser alvo de atenção.
Operação é indicada para alguns casos da doença de Parkinson
A cirurgia, indicada para pacientes que já não respondem ao tratamento com remédios, é eficaz contra tremores e rigidez. A operação é considerada de baixo risco e tem um alto índice de sucesso, acabando imediatamente com esses sintomas.
Trata-se da implantação de um pequeno eletrodo no cérebro da pessoa,. Ele é ligado a um marca-passo (gerador) colocado acima do peito (dentro da pele) e que é responsável por mandar impulsos elétricos.
O custo é alto, mas planos de saúde devem cobrir, se o médico atestar que é a melhor solução para o paciente. Na rede pública, o procedimento também já é feito.
O neurologista Henrique Ballalai Ferraz, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afirma que houve evolução no procedimento. “Melhorou a técnica de instalação o dos eletrodos e a duração das baterias. O processo para o paciente não é tão problemático, com um dia de internação sendo suficiente”.
De acordo com ele, é realizado um cálculo, por meio de uma imagem de ressonância magnética, para colocar o aparelho no local correto. “Um programa localiza exatamente o ponto de instalação. Melhorou a precisão com a técnica de imagem”.
Baterias dos marca-passos
As primeiras baterias duravam em torno de dois anos, mas hoje chegam a dez. Quando acabam, é necessária nova cirurgia para trocar o marca-passo. “Não há uma espécie de idade limite, mas, em um paciente com 90 anos, aumenta-se muito o risco e o benefício é pequeno, já que a expectativa de vida não é tão grande”, explica o especialista.
Foto: Shutterstock
Fonte: A Tribuna
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