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Healthtechs despertam o interesse de farmacêuticas

O número de startups de saúde no Brasil, conhecidas como “healthtechs”, passou de 288, em 2018, para 386 este ano, um avanço de 34%, de acordo com levantamento feito pela empresa de inovação aberta Distrito. A maior parte delas, ou 87,1%, foi fundada a partir de 2010, com destaque para os últimos cinco anos, quando surgiram 252 empreendimentos. Do total mapeado, 6,5% possuem soluções para a compra, entrega de remédios ou ferramentas que auxiliam na descoberta de novos compostos, de acordo com o co-fundador da Distrito, Gustavo Araújo.

“Alguns negócios desenvolvem tecnologias capazes de encurtar o tempo de criação de medicamentos e tornar esse processo mais assertivo e menos custoso”, diz Araujo. É o caso da PluriCell Biotech, startup da incubadora Universidade de São Paulo (USP).

O objetivo da empresa é gerar células humanas em laboratório, a partir de células-tronco, para tratar pacientes com problemas de insuficiência cardíaca. Criado em 2013, o negócio está em estágio de testes, mas já chamou a atenção do mercado. “Recebemos um investimento de US$ 1,1 milhão, da Libbs, este ano”, diz o CEO da companhia, Marcos Valadares. A busca de recursos deve continuar. O empreendimento está abrindo uma rodada de investimentos para captar US$ 3 milhões, com o intuito de escalar o processo de produção e expandir os testes em andamento.

Outros projetos das healthtechs

Na Aptah Bioinformática, fundada em Goiânia (GO) no ano passado, a captação de clientes já começou. A startup estuda medicamentos para o tratamento de vários tipos de câncer, doenças raras, inflamatórias e infecciosas, por meio de engenharia genética. Os primeiros contratos de prestação de serviços foram fechados com o Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF) e a indústria de medicamentos Equiplex, ambos de Goiás, diz o CEO da companhia, Higor Falcão.

A expectativa de faturamento para 2019 é de R$ 156 mil. O interesse de Falcão é captar aportes de R$ 1,5 milhão por novo medicamento, com a ajuda de editais, leis de incentivo fiscal e campanhas de crowdfunding (financiamento coletivo). “A obtenção de recursos para projetos de biotecnologia com investidores privados é quase inexistente no Brasil”, explica. Dessa forma, a previsão para o licenciamento do primeiro medicamento é daqui a quatro anos.

Em 2019, a Aptah foi uma das 15 startups escolhidas pela iniciativa de apoio à inovação StartOut Brasil para uma imersão em Toronto, no Canadá, para visitar aceleradoras, empreendimentos locais e participar de apresentações para possíveis investidores e parceiros.

O CEO da Onkos Diagnósticos, Marcos Tadeu dos Santos, já conseguiu uma carteira de mais de 600 clientes, entre médicos, que prescrevem os exames oferecidos pela empresa; pacientes e laboratórios como Fleury, Dasa e Hermes Pardini. Em operação há quatro anos, a startup que nasceu no Supera, parque de inovação e tecnologia de Ribeirão Preto (SP), produz análises moleculares para oncologia.

“Os nossos exames têm como foco reduzir cirurgias desnecessárias e aumentar a eficiência do sistema de saúde”, assegura Santos, doutor em genética e biologia molecular. O carro-chefe da marca é um exame que classifica riscos de câncer em nódulos na tireoide. “Devem ser realizadas no Brasil cerca de 40 mil cirurgias de tireóide, sem necessidade, ao ano.”

Aprovação e regulamentação

A novidade foi desenvolvida com o Hospital de Câncer de Barretos (SP). A Onkos recebeu verbas de subvenção econômica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dessa forma, somando cerca de R$ 1,5 milhão.

“Em breve, abriremos a nossa primeira rodada de investimentos, para dar suporte ao crescimento da companhia.” Recentemente, o empreendedor fechou contrato com a argentina LA Genomics, para vender o portfólio na América Latina. De acordo com Santos, em todo o mundo, a empresa tem três concorrentes, todos nos Estados Unidos. Também sediada em Ribeirão Preto, a Vetra detém desde 2013 três patentes de biomateriais que aceleram a regeneração de tecidos do corpo. “Com esses insumos é possível realizar enxertos ósseos, de pele e regeneração de dentes”, explica a sóciafundadora, Marina Trevelin Souza.

A expectativa da pesquisadora é conseguir as aprovações de comercialização até 2020. Assim que os produtos forem regulamentados, a meta é obter uma receita de cerca de R$ 1 milhão, no primeiro ano de operação, diz. A Vetra mantém parcerias de pesquisa com quatro universidades, como a Federal de São Carlos (UFSCar) e a USP.

Foto: Shutterstock Fonte: Valor Econômico

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