O câncer continua sendo a segunda principal causa de morte no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A descoberta em estágios iniciais comprovadamente aumenta as chances de cura para a maioria dos tumores. Mas o pós-tratamento pode deixar sequelas que são pouco consideradas, mas que fazem com que o paciente sofra demasiadamente com as dores crônicas.
A explicação pode estar no fato de que procedimentos como radioterapia, quimioterapia e outros medicamentos utilizados no combate ao tumor podem lesionar nervos que comandam a sensibilidade à dor. “O paciente que supera o câncer faz um acompanhamento contínuo com medicamentos e terapias complementares, por pelo menos mais cinco anos. É um tempo considerável para conviver com o fantasma da doença e, neste período, aumentar a confiança e conforto de todos é essencial”, explica a médica especialista em medicina humanizada, Paloma Solano.
Contudo, cresce o número de alternativas de tratamentos e terapias complementares que exerçam efeito na redução dessas dores. Isso porque mesmo com o avanço da ciência, muitos pacientes que enfrentaram os mais diversos tipos de câncer, superaram o tumor, mas não seus impactos de longo prazo. Os casos já começam a ser relacionados às limitações de atividades do cotidiano e exigem tratamentos e gastos consideráveis.
Dores crônicas em pacientes com câncer
Um estudo do Sistema de Saúde Monte Sinai, nos Estados Unidos, estima que 35% dos sobreviventes de um tumor maligno no país vivem com dor crônica, o que representa mais de 5 milhões de indivíduos. No grupo que sofreu com um tumor, as queixas de dores limitantes e crônicas foram duas vezes mais frequentes do que entre o restante dos entrevistados. O levantamento ainda indica que entre os 60 mil entrevistados, os tipos de tumor que mais costumam deixar sequelas doloridas são os que atingem ossos, rins, garganta, faringe e útero.
No Brasil, não existem levantamentos específicos sobre o assunto, mas um estudo do Instituto Nacional do Câncer (INCA), divulgado em 2019, apresentou dados importantes sobre os tipos de câncer e sua prevalência no Brasil, identificando por exemplo, que o câncer de próstata para homens e o de mama para mulheres são os tipos mais prevalentes. Os pesquisadores também fizeram entrevistas aprofundadas com 47 sobreviventes, que relataram dificuldades na reinserção ao mercado de trabalho, bem como falta de apoio psicológico e restrições na vida sexual. Assim, apontando a necessidade de acompanhar melhor o paciente após o fim do tratamento, o que é um verdadeiro desafio para a comunidade médica. É necessário cuidar da pessoa, em vez de só tratar sua doença.
“A medicina humanizada vem contribuindo para entender esses casos e ampliar o conforto oferecido aos pacientes. De forma integrada, suas avaliações devem considerar mais que os aspectos patológicos, a pessoa deve ser analisada a partir de suas ansiedades e vulnerabilidades psicológicas como um todo e, assim, o profissional da saúde poderá ajudar de forma mais efetiva esse indivíduo” avalia Paloma.
Dados do INCA sobre os diferentes tipos e registros de câncer no Brasil
Prevalência de câncer no Brasil.
Em homens, Brasil, 2018Localização PrimáriaCasos Novos%Próstata68.22031,7Traqueia, Brônquio e Pulmão18.7408,7Cólon e Reto17.3808,1Estômago13.5406,3Cavidade Oral11.2005,2Esôfago8.2403,8Bexiga6.6903,1Laringe6.3903,0Leucemias5.9402,8Sistema Nervoso Central5.8102,7Todas as Neoplasias, exceto pele não melanoma214.970100,0Todas as Neoplasias300.140
– Em mulheres, Brasil, 2018Localização PrimáriaCasos Novos%Mama feminina59.70029,5Cólon e Reto18.9809,4Colo do útero16.3708,1Traqueia, Brônquio e Pulmão12.5306,2Glândula Tireoide8.0404,0Estômago7.7503,8Corpo do útero6.6003,3Ovário6.1503,0Sistema Nervoso Central5.5102,7Leucemias4.8602,4Todas as Neoplasias, exceto pele não melanoma202.040100,0Todas as Neoplasias282.450
Foto: Shutterstock
Fonte: INCA
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