O veganismo é uma tendência que vem crescendo a cada dia. O termo é dado para o modo de vida que busca eliminar todas as formas de exploração animal.
Isso engloba a alimentação, mas também produtos diversos, vestuário, testes, entretenimento, trabalho, comércio, entre outros. Dessa forma, se opondo a qualquer prática que se faça uso de animais. De acordo com a Sociedade Vegetariana Brasileira, o veganismo é um modo de viver (ou uma “escolha”) que busca excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais – seja na alimentação, no vestuário ou em outras esferas do consumo.
Assim, o veganismo prega pelo direito dos animais, mas ainda gera muitas dúvidas, principalmente relacionadas a alimentação.
Afinal, o que um vegano pode comer?
A alimentação vegana prevê que não haja utilização de nenhum produto de origem animal. Dessa forma, é permitido o consumo de vegetais, frutas, grãos, legumes, sementes e quaisquer outros alimentos que não tenham origem animal.
Contudo, é necessário buscar auxílio médico e nutricional para iniciar essa alimentação.
De acordo com a nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dra. Marisa Resende Coutinho, nós temos alguns nutrientes que possuem maior concentração e melhor biodisponibilidade em produtos de origem animal, como por exemplo a vitamina B12. “A dieta de um vegano deve ser bastante variada para que haja o suprimento da necessidade de todos os nutrientes, sem déficit das funções orgânicas. Um nutricionista pode fazer esta orientação e prevenir doenças decorrentes de carências nutricionais”, afirma.
Dessa forma, para um veganismo saudável é necessário que o médico peça exames e monitore o estado físico da pessoa, em especial a saúde óssea.
Veganismo saudável: qualquer pessoa pode seguir a alimentação vegana?
A Dra. Marisa afirma que não existem contraindicações para o veganismo, desde que a alimentação consiga suprir as necessidades nutricionais. “Há que se ter muita atenção em situações de doenças, pois as necessidades nutricionais podem ser alteradas e também em crianças, pois são seres em desenvolvimento. Por isso, requerem um bom aporte de nutrientes para que o crescimento seja saudável e adequado”.
Isso porque existem muitas carências nutricionais que um vegano pode ter. “Um dos grandes riscos que podem ser causados pelo veganismo é a “fome oculta”, ou traduzindo, deficiência marginal de nutrientes. Este é um problema causado pela falta crônica de nutrientes essenciais na dieta, como vitaminas e minerais. A fome oculta pode trazer graves consequências, incluindo menor resistência a doenças, deficiência mental e até morte”, afirma a Dra. Marisa.
Um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition (EJCN) em 2018, mostra que a saúde óssea é uma das principais preocupações para os veganos, cujo estudo mostrou que a taxa de fraturas é quase uma terço mais alta quando comparada à população geral. Isso acontece porque esse grupo apresenta menor consumo de cálcio e vitamina D. Assim, causando baixa densidade mineral óssea.
“Uma dica é que pessoas que adotam o veganismo consumam alimentos fortificados (com adição de vitaminas e minerais) e tomem suplementos alimentares que supram as necessidades de cálcio e vitamina D, entres outras vitaminas e minerais”, diz.
Veganismo saudável: reposição de vitaminas
Outros estudos indicam que a população vegana apresenta taxas elevadas de deficiência de ômega 3, iodo, ferro e vitamina B12 – nutrientes mais frequentemente obtidos de alimentos de origem animal. A falta de iodo pode causar deficiência mental, por exemplo. “Já a carência de vitamina B12 pode provocar sintomas graves, como cansaço extremo, fraqueza e má digestão. No caso de crianças veganas, a deficiência pode causar atraso no desenvolvimento. Dessa forma, quando não tratada, a falta de vitamina B12 pode acarretar em danos irreversíveis ao sistema nervoso e aumentar o risco de doenças cardíacas”, complementa a nutricionista.
Um dos grandes problemas encontrados na suplementação dos veganos, é que comumente eles recusam os suplementos tradicionais e aderem a suplementos derivados de plantas. No entanto, estes suplementos tendem a ter uma baixa atuação biológica nos seres humanos. Algumas pesquisas mostram que suplementos de vitamina D2, comumente utilizado por veganos, são menos efetivos para aumentar os níveis de vitamina D no sangue se comparado ao consumo de suplementos de vitamina D3.
Dessa forma, a Dra. Marisa dá dicas para praticar uma alimentação vegana saudável. “Tenha uma alimentação equilibrada, variada e em quantidades suficientes para atender as recomendações de todos os nutrientes importantes para manutenção da saúde. Quanto mais variado e colorido for o seu prato, mais nutrientes serão ingeridos. Assim, faça combinações que favoreçam a absorção de nutrientes, como por exemplo, folhas verde escuro com alimentos fonte de vitamina C, para melhorar a absorção do ferro”, diz.
A nutricionista também orienta que para um veganismo saudável é necessário o consumo de sementes oleaginosas como nozes e castanhas, sementes e cereais, junto com as frutas, os vegetais e as leguminosas.
Além disso, consulte um nutricionista com frequência e faça exames.
Veganismo: crescimento do mercado de cosméticos
O veganismo movimenta um mercado que cresce cerca de 40% por ano, sendo o setor de cosméticos veganos um dos que mais se expande.
Estima-se que o mercado de cosméticos sem ingredientes animais atinja US$ 25,11 bilhões até 2025. Essa estimativa é do relatório da Grand View Research.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), em 2018, 14% dos brasileiros se declaravam vegetarianos. Assim, representando aproximadamente 30 milhões de pessoas. Além disso, apesar de ainda não existirem dados concretos, estima-se que sete milhões de brasileiros se consideram veganos.
O dia 01 de novembro é o Dia Mundial do Veganismo.
Fonte: Guia da Farmácia Foto: Shutterstock
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