A cólica renal é uma dor em geral forte que se dá na região abdominal, normalmente nos flancos, com possível irradiação para região da virilha1.
A origem dessa dor é o cálculo renal, conhecido popularmente como pedra no rim, que é uma pequena massa sólida formada a partir de pequenos cristais2.
O cálculo pode ser encontrado não apenas nos rins, como também qualquer outro órgão do trato urinário2.
Contudo, esse problema costuma ser assintomático. Os cálculos renais originam sintomas, como a cólica renal, quando se deslocam a partir do rim pelos ureteres em direção à bexiga e uretra. Ou seja, quando o corpo humano tenta eliminá-los2.
E quando a dor chega costuma ser forte. Muitos dizem que a dor de uma pedra mudando de lugar chega a ser tão intensa quanto a dor do parto.
Nesta reportagem, o leitor poderá conferir, com detalhes, o que é a cólica renal, os principais sintomas, formas de diagnósticos e tratamentos.
Será possível, ainda, verificar qual a diferença entre cólica renal e a infecção urinária. Acompanhe!
O que é cólica renal?3
A cólica renal, ou pedra nos rins, não é uma doença única, mas sim a manifestação de diferentes enfermidades que têm em comum o aparecimento de cálculos no sistema urinário.
Os cálculos renais, enquanto estão localizados nos rins, costumam passar despercebidos (assintomáticos) e podem permanecer assim por meses ou anos.
Dessa forma, a principal manifestação clínica da litíase renal é a cólica de rim, que ocorre quando um cálculo se desprende do órgão e se desloca pelo ureter, a caminho da bexiga.
A crise, determinada pela migração do cálculo, é caracterizada por dor nas costas, que se irradia para a barriga (baixo ventre).
Quais os principais sintomas da cólica renal?4
Quando a pedra se desloca para outras partes do corpo, como a bexiga, o canal da uretra, o ureter ou até a região dos testículos, alguns sinais podem indicar a presença de cálculo renal.
Além de crises de cólica e vômitos, o acometido pode sentir dores extremas na região da uretra e sangramentos internos, que podem, em alguns casos, evoluir para uma infecção ou um tumor.
Entre os principais sinais de alerta, estão:
Sangue na urina
A presença de sangue na urina, ou hematúria, ocorre por diferentes problemas e não é exclusivamente ligada ao cálculo renal.
Contudo, como os rins ‘filtram’ o sangue, alguns problemas, como o cálculo, podem fazer com que os glóbulos vermelhos passem esses órgãos.
Além disso, se a pedra se deslocar para o canal da uretra, pode causar dano na estrutura do trato urinário e lesar vasos sanguíneos.
Nesse caso, a presença de sangue na urina pode ser visível ora a olho nu ora nos exames.
Aumento de idas ao banheiro
Se de uma hora para outra se passa a ir muito mais vezes ao banheiro sem um motivo aparente, como ingestão maior de líquidos, também pode ser, igualmente, sinal de que algo está errado com a bexiga.
Como uma pedra que começou a se “movimentar”. Esse deslocamento costuma ser acompanhado de dor. Contudo, também pode haver diminuição no fluxo urinário.
Dores insuportáveis
Muitos dizem que a dor de uma pedra mudando de lugar chega a ser tão forte quanto a dor do parto.
Quando o cálculo renal se desloca para a bexiga ou pelo canal da uretra, é comum sentir uma dor lombar aguda, unilateral, que tende a se deslocar para as partes mais baixas do abdome.
Em alguns casos, os homens também sofrem um desconforto nos testículos e, as mulheres, nos grandes lábios. Além da dor, o quadro pode ser acompanhado de problemas intestinais, náuseas e vômitos.
Quais as principais causas da cólica renal?5
A pedra no rim é uma formação sólida composta por minerais que surge dentro deste órgão.
Em síntese, mais de 70% das pedras são compostas por sais de cálcio, como oxalato de cálcio e fosfato de cálcio. Existem, igualmente, cálculos à base de ácido úrico.
Em princípio, entender a formação das pedras é simples. Basta imaginar um copo cheio de água clara e transparente.
Quando se coloca um pouco de sal, em primeiro lugar, ele se diluirá e tornará a água um pouco turva. Como consequência, jogando mais sal no copo, a água ficará cada vez menos clara, até o ponto em que o sal começará a se precipitar no fundo do copo.
A precipitação acontece quando a água fica super saturada com sal, isto é, a quantidade de água presente já não é mais suficiente para diluir o sal.
Esse é o princípio da formação dos cálculos. Nesse sentido, quando a quantidade de água na urina não é suficiente para dissolver todos os sais presentes na mesma, estes retornam na forma sólida e precipitam nas vias urinárias.
Os sais precipitados na urina tendem a se aglomerar, formando, com o passar do tempo, as pedras.
Essa precipitação dos sais presentes na urina ocorre basicamente por dois motivos: falta de água para diluir ou excesso de sais para serem diluídos.
Quais as diferenças entre a cólica renal e infecção urinária?6
Apesar de o cálculo renal ser um fator de predisposição para a infecção urinária, as duas patologias são completamente diferentes.
A cólica renal é um sintoma agudo da existência dos cálculos renais. Trata-se de uma dor intermitente na região lombar, que começa subitamente e pode irradiar para a lateral do abdômen e região genital.
A dor é caracterizada pelo seu aumento progressivo de intensidade, seguido de alívio para depois se agravar novamente.
É importante ressaltar que não há uma posição específica que diminua ou termine com esta dor.
Os sintomas comumente têm início quando o cálculo renal sai do rim e obstrui o canal da urina, causando uma dilatação renal e provocando estas dores intensas, que em alguns casos geram calafrios, náusea, vômitos e sangue na urina, provocado pela movimentação do cálculo no rim e no ureter.
Já a infecção de urina é desencadeada pela presença de micro-organismos no trato urinário, geralmente bactérias como a E.coli (Escherichia coli).
A intensidade da doença depende da capacidade imunológica de cada paciente, bem como do micro-organismo em questão e da aderência à parede do trato urinário.
Dor, ardência e dificuldades ao urinar são os sintomas que podem indicar a infecção urinária.
O que há de comum entre as duas doenças?
As duas doenças possuem um importante sintoma em comum, que é o aumento da frequência urinária (urinar muitas vezes, porém em pequeno volume).
Por isso, ambas devem ser prontamente avaliadas por um médico (preferencialmente urologista), principalmente na ocorrência de febre e calafrios.
Um simples infecção urinária pode levar a uma infecção generalizada (septicemia), caso não seja diagnosticada e tratada adequadamente.
Já a cólica renal, se não tratada, pode acarretar até a perda da função de um rim.
6 fatores de risco para a cólica renal?5
Baixa ingestão de água
Pacientes que costumam desenvolver cálculos bebem, em média, menos 300 mL a 500 mL de água por dia, quando comparados com pessoas que nunca tiveram pedra nos rins.
Calor em excesso
Pacientes que vivem em países de clima tropical ou trabalham em locais muitos quentes devem procurar se manter sempre bem hidratadas para evitar a produção de uma urina muito concentrada.
Alguns tipos de bebidas
O suco de toranja (jamboa ou grapefruit) parece ser prejudicial, aumentando o risco de formação das pedras.
Em relação às bebidas alcoólicas, há controvérsias, havendo estudos que indicam aumento da formação dos cálculos e outros que sugerem redução da formação, principalmente com o consumo de vinho.
Alguns tipos de dietas
Alimentos ricos em sal, proteínas e açúcares são fatores de risco.
Curiosamente, apesar da maioria dos cálculos serem compostos de cálcio e surgirem por excesso de cálcio na urina, não há necessidade de restringir o consumo do mesmo na dieta. A restrição, aliás, pode ser prejudicial.
Doenças pré-existentes e envelhecimento
Outros fatores de risco para o surgimento de cálculos são obesidade, idade acima de 40 anos, hipertensão, gota, diabetes e ganho de peso muito rápido. Os homens também são mais suscetíveis ao problema.
Alguns medicamentos
Medicações podem ter como efeito colateral a formação de pedra. Os mais comuns incluem indinavir, atazanavir, guaifenesina, triantereno, silicato e drogas à base de sulfa, como sulfassalazina e sulfadiazina.
Como é realizado o diagnóstico de problemas nos rins?7
Havendo suspeita de cálculo renal, primordialmente, deve-se realizar exames por imagem.
Podem ser realizados exames como um raio x simples de abdômen, ultrassonografia do trato urinário, tomografia computadorizada de abdômen ou radiografia contrastada dos rins (urografia excretora).
Ademais, na vigência de cólica renal, realiza-se mais frequentemente a ultrassonografia do trato urinário ou a tomografia computadorizada de abdômen.
Quais os tratamentos indicados?8
Ao contrário do que se recomendava no passado, durante as crises deve ser evitada a ingestão exagerada de líquidos.
Líquido em excesso pode aumentar a pressão da urina no rim e, consequentemente, aumentar as dores.
O tratamento para cólica renal pode envolver várias frentes:
Medicamentos podem ser indicados apenas pelo médico levando em conta a causa da formação dos cálculos. Durante as crises, é indicado o uso de analgésicos e anti-inflamatórios potentes para aliviar a dor, que é extremamente forte, quase insuportável;
Litotripsia, ou seja, bombardeamento das pedras por ondas de choque visando à fragmentação do cálculo o que torna sua eliminação pela urina mais fácil;
Cirurgia percutânea ou endoscópica: por meio do endoscópio e através de pequenos orifícios, o cálculo pode ser retirado dos rins após sua fragmentação;
Ureteroscopia por via endoscópica, que permite retirar os cálculos localizados no ureter.
Quais tipos de medicamentos podem ser utilizados?
Os primeiros medicamentos indicados são os analgésicos, os antiespasmódicos e os anti-inflamatórios9.
Muitas vezes, eles não bastam para controlar a dor e o paciente eliminar o cálculo9.
Como podem ocorrer vômitos, quando ela é muito forte, é preciso prescrever medicação injetável. Dor persistente exige a aplicação de derivados da morfina e internação hospitalar9.
Acredita-se que cálculos pequenos, de no máximo 5 mm ou 7 mm, passam pela via urinária sem maiores problemas9.
O paciente é mantido sob analgesia até eliminá-los e depois tratado eletivamente. Cálculos maiores podem entrar no ureter e nele ficar retidos. Não vão nem para frente nem para trás9.
Aí, a dor é mais intensa e prolongada e o caso demanda outro tipo de intervenção para que sejam retirados9.
Vale lembrar que, ao contrário do que se recomendava no passado, durante as crises, deve ser evitada a ingestão exagerada de líquidos10.
Líquido em excesso pode aumentar a pressão da urina no rim e, consequentemente, aumentar as dores10.
Como prevenir a cólica renal?11
Tomar muita água durante o dia é a melhor forma de prevenir a formação dos cálculos renais.
Popularmente chamados de “pedras nos rins”, eles são formados pelo acúmulo de cálcio, ácido úrico, oxalato (um sal) ou cistina (um aminoácido) dentro dos rins ou nos canais urinários.
No calor ou depois de atividade física a transpiração elimina líquidos do corpo, nem sempre repostos na quantidade suficiente para conseguir eliminar o excesso dessas substâncias e evitar o acúmulo de cristais que formam o cálculo.
Além da hereditariedade, os hábitos de vida, obesidade, resistência à insulina e alimentação inadequada favorecem o aparecimento das pedras.
A dor intensa é o principal sintoma do distúrbio, quando o cálculo tiver um tamanho médio ou se movimentar dentro dos canais que ligam o rim à bexiga.
Portanto, tomar oito copos de água por dia, pelo menos, pode evitar o problema.
Qual o médico pode ajudar em casos de cólica renal? Quais cuidados se precisa ter?11
Todo caso de cólica renal merece acompanhamento com urologista.
Contudo, pacientes grávidas, com um único rim, com indícios de infecção, como febre e queda do estado geral têm, muitas vezes, necessidade de internação de urgência, bem como casos com dor de difícil controle.
Em muitos casos, há a indicação de remoção dos cálculos através de cirurgia endoscópica, procedimento minimamente invasivo, que permite um retorno do paciente à sua rotina mais rapidamente.
Conclusão
A dor da cólica renal é desesperadora para os acometidos. Tanto que muitos costumam descrevê-la como tão intensa quanto a dor do parto.
Nesse artigo, foi possível conferir que, além da dor, esse problema pode acompanhar uma série de sintomas, como náuseas e vômitos, mais frequência ao urinar, e sangue nas fezes.
Ademais, pode-se verificar, ainda, as causas, se a água é o melhor tratamento, medicamentos que podem ser envolvidos e formas de diagnóstico.
Além disso, o artigo esclareceu as diferenças entre a cólica renal e a infecção urinária, que apesar de terem semelhanças, apresentam uma série de diferenças.
Aliás, se a ideia você quer saber mais como prevenir a infecção urinária, aqui no Portal Guia da Farmácia, leia o artigo: Como prevenir a infecção urinária
Outro artigo que pode complementar os conhecimentos sobre o tema é o Quando ir ao banheiro passa a ser um problema, também aqui no portal.
Mas se a intenção é ler um pouco mais sobre outros tipos de dores abdominais, a indicação fica para o artigo sobre dores abdominais.
Referências
Portal Albert Einstein. Artigo: Você sabe a diferença entre cálculo renal e pedra na vesícula?
Portal Hospital Santa Cruz. Artigo: Cólica renal: aprenda a identificar e saiba quando se preocupar
Hospital Sírio-Libanês. Artigo: Três sintomas de pedra nos rins que você não deve ignorar
Portal MD. Saúde. Artigo: Cálculo renal (pedra nos rins) – causas, sintomas e tratamentos
Portal do Dr. Drauzio Varella. Artigo: Cálculo renal | Entrevista
Portal do Dr. Drauzio Varella. Artigo: Pedra nos rins (cálculo renal).
Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Artigo: O melhor remédio contra o cálculo renal.
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