A interação medicamentosa é geralmente conhecida como um evento clínico no qual um fármaco é afetado por outro fármaco. Mas essa interação não se resume a medicamentos: ela pode ocorrer entre fármaco e fitoterápico, bebida alcoólica, agente químico e também entre medicamento e alimento. A farmacêutica Juliana Chan, orientada pela pesquisadora do FoRC, Neuza Hassimotto, mostra em seu trabalho de conclusão do curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), que, apesar de serem mais difíceis de identificar clinicamente, as interações entre medicamento e alimento podem ocorrer. Em algumas situações, isso acontece de maneira favorável, em outras, pode prejudicar o tratamento.
Juliana mostra na pesquisa que soluções e suspensões interagem menos do que outras formas de administração, pois se movem mais facilmente no estômago e também do estômago para o intestino. Cápsulas e comprimidos, por sua vez, precisam ser dissolvidos, uma etapa a mais que pode ser afetada por alimentos.
Além da forma de administração, a interação é afetada por três outros fatores: o tipo de nutriente ingerido; a quantidade de líquido utilizada na administração do fármaco; o intervalo de tempo entre a ingestão das substâncias. Ainda, pessoas com idade mais avançada apresentam riscos maiores em relação às interações, já que há alterações fisiológicas com o envelhecimento e é comum o uso de diversos medicamentos de uso contínuo nessa fase da vida para tratamento de doenças crônicas.
Como orientação geral, a sugestão é que as pessoas leiam as bulas dos medicamentos que podem conter esse tipo de informação, e que consultem o médico sobre possíveis interações entre o medicamento receitado e os alimentos. Alertas sobre esse tipo de interação já começam a constar também das embalagens de alimentos industrializados no Brasil.
Foto: Shutterstock
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